Lendas Indigenas II
IAMULUMULU - A formação dos rios
Savuru era um espírito que possuía duas esposas. O pedido dos irmãos Sol e Lua, que as cobiçavam, as ariranhas o mataram, ficando sua esposa mais velha com o sol e a outra com a lua. Seguiram então os casais em direção à aldeia de Kanutsipei. Durante o caminho, os irmãos encontraram dificuldades e necessitaram da ajuda de outros espíritos: Iumulumulu lhes curou a impotência, Ierêp fez com que neles nascesse o ciúme das esposas e, uma vez cansados, pediram a Uiaó algo que os fizessem adormecer. No dia seguinte, dispostos, retomaram a caminhada. Chegando ao local pretendido, estavam sedentos e pediram água a Kanutsipei. A água, porém, estava suja. O irmão Lua, tomando a forma de um beija-flor, voou rapidamente à procura de boa água. Ao voltar contou-lhes que o espírito os enganara, mantendo escondidos muitos potes com a mais pura água. Contrariados, os casais retornaram a sua aldeia, contando a todos o que ocorrera. O Sol e a Lua uniram-se a vários espíritos, Vanivani, Iananá, Kanaratê, os zunidores Hori-hori, invocando também os espíritos das águas que habitavam a copa do Jatobá. Chamaram ainda as máscaras Jakui-katu, Mearatsim, Ivat, Jakuiaép e Tauari. Reunidos, dançaram e resolveram voltar à aldeia de Kanutsipei para tomarem posse de sua água, quebrando todos os potes, conduzindo-a a outras regiões. Mearatsim, o primeiro a chegar, cantou para espantar o dono do local. Chegaram então os outros espíritos, à medida que os potes foram quebrados, formou-se ali uma grande lagoa, de onde cada um dos espíritos criou um rio. Assim, o Sol criou o Rio Ronuro; Vani-vani formou o Rio Maritsauá; Kanaratê, o Paranajuva; Tracajá, o Kuluene e Iananá, um afluente do Ronuro. A formação dos rios não agradou ao Sol, pois todos corriam para o Morena, a região sagrada dos espíritos. Iniciou-se ali uma grande confusão, em meio à qual a Lua foi engolida por um grande peixe. O Sol, desesperado, saiu à procura do irmão, no ventre dos peixes que encontrava. Chegou a capturar o Tucunaré, o Matrinxã, o Pirarara e a Piranha. Mas havia sido o Jacunaum que a engolira, informou o Acará. E ambos, unidos, partiram à caça do peixe. Pediram a Tapera (andorinha do campo) que lhes conseguisse um grande anzol, ocultando-o num charuto. O Acará nadou à procura de Jacunaum, oferecendo-lhe fumo. Desta maneira, o Sol conseguiu fisgá-lo. Entretanto, dentro do peixe, restavam apenas os ossos de seu irmão. Desejando ardentemente que a Lua revivesse, o Sol arrumou no chão seu esqueleto, cobrindo-o com as folhas perfumadas do Enemeóp. Aos poucos, como por encanto, a carne foi surgindo, revestindo os ossos até formar um novo corpo. Faltava-lhe ainda a vida. O Sol então introduziu um mosquitinho em sua narina, provocando-lhe um espirro, que a fez finalmente despertar. Assim foram criados os rios e, a partir daí, iniciou-se a prática da pajelança, tendo sido o Sol o primeiro pajé
PORONOMINARÉ - O Dono da Terra
O velho pajé Cauará saiu para pescar, demorando muito a voltar. A filha preocupada resolveu procurá-lo perto das águas mansas do rio. Após muito andar, sentou-se na relva para descansar. Anoitecia e a lua surgiu atrás das montanhas, ficando a jovem a contemplá-la. Subitamente, destacou-se do astro um vulto muito estranho que vinha em sua direção. A índia parecia hipnotizada, sendo em seguida tomada de profunda sonolência. Neste momento o pajé, que havia retornado a aldeia, preocupou-se com a ausência da filha. Tomou então um pote com paricá, pó alucinógeno que, inalado, lhe despertava os poderes de pajé, entrando assim em transe. Muitas sombras desfilaram a sua frente e entre elas surgiu a silhueta de um homem que subia aos céus em direção à lua. Aos poucos, outras imagens foram tomando formas humanas com cabeça de pássaros, anunciando ao pajé que sua filha estava numa ilha, não muito distante dali. Imediatamente Cauará dirigiu-se ao local revelado, encontrando a moça enfraquecida e faminta. Voltaram à aldeia. Passados alguns dias, a jovem, preocupada contou ao pai um sonho impressionante: no alto da montanha ela dava à luz uma criança muito clara, quase transparente. Não havia leite em seus seios, sendo o seu filhinho alimentado por uma revoada de beija-flores e borboletas. À sua volta, outros animais que também se encantaram com o bebê, lambiam-no carinhosamente. lgum tempo depois, a filha de Cauará notou que, embora virgem, esperava uma criança. O pajé, estranhando o fato, entrou novamente
A YARA - a rainha das águas
Yara, a jovem Tupi, era a mais formosa mulher das tribos que habitavam ao longo do rio Amazonas. Por sua doçura, todos os animais e as plantas a amavam. Mantinha-se, entretanto, indiferente aos muitos admiradores da tribo. Numa tarde de verão, mesmo após o Sol se pôr, Yara permanecia no banho, quando foi surpreendida por um grupo de homens estranhos. Sem condições de fugir, a jovem foi agarrada e amordaçada. Acabou por desmaiar, sendo, mesmo assim, violentada e atirada ao rio. O espírito das águas transformou o corpo de Yara num ser duplo. Continuaria humana da cintura para cima, tornando-se peixe no restante. Yara passou a ser uma sereia, cujo canto atrai os homens de maneira irresistível. Ao verem a linda criatura, eles se aproximam dela, que os abraça e os arrasta às profundezas, de onde nunca mais voltarão. Text in English
IAMULUMULU - The formation of rivers Savuru was a spirit who had two wives. The application of the brothers Sun and Moon, the coveted, otters killed him, leaving his older wife with the sun and the other with the moon. Then followed the couples toward village Kanutsipei. Along the way, the brothers encountered difficulties and needed the help of other spirits: Iumulumulu them cured impotence, Ierêp made them born jealousy of the wives and once tired, asked Uiaó something that did fall asleep. The next day, willing, resumed walking. Arriving at the desired location, were thirsty and asked for water Kanutsipei. The water, however, was dirty. Brother Moon, taking the form of a hummingbird flew quickly looking for good water. Returning told them that the spirit had deceived them, keeping hidden many pots with pure water. Countered, the couples returned to their village, telling everyone what happened. The sun and moon joined with various spirits, Vanivani, Iananá, Kanarate the zunidores Hori-hori, also invoking the spirits that inhabited the waters cup Jatoba. Also called masks jakui-katu, Mearatsim, Ivat, Jakuiaép and Tauari. Gathered, danced and decided to return to the village of Kanutsipei to take possession of your water breaking all the pots, leading it to other regions. Mearatsim, first come, sang to scare the owner of the site. Then came other spirits, as the pots were broken, there was formed a large pond, where each of the spirits created a river. Thus, the Sun created the Rio Ronuro; Vani-vani formed the Rio Maritsaua; Kanarate the Paranajuva; Tracajá the Kuluene Iananá, a tributary of Ronuro. The formation of the rivers did not enjoy the sun, as everyone ran for Morena, the region of sacred spirits. Started there is great confusion, amidst which the moon was swallowed by a great fish. The Sun, desperate, went in search of his brother, in the belly of the fish was. Got to capture the Tucunaré the Matrinxã the Pirarara and Piranha. But was that the Jacunaum swallowed, informed the Discus. And both together, went to hunt fish. Asked Tapera (Swallow the field) that they could get a big hook, hiding it in a cigar. The Acará swam looking for Jacunaum offering you smoke. Thus, the hook you could Sol. However, inside the fish, there were only the bones of his brother. Longing to relive the Moon, the Sun got its skeleton on the ground, covering it with leaves fragrant Enemeóp. Slowly, as if by magic, the meat was coming, coating the bones to form a new body. He lacked even life. The Sun then introduced a mosquito in your nostril, causing him a sneeze, that did finally wake up. Thus were created the rivers and from there began the practice of shamanism, the sun having been the first shaman PORONOMINARÉ - The Owner of the Earth The old shaman Cauará went fishing, taking too long to return. A worried daughter decided to look for him near the calm waters of the river. After much walking, sat down on the grass to rest. Night fell and the moon rose behind the mountains, leaving the young man to contemplate it. Suddenly, the highlight was the star very strange that a figure coming toward her. The Indian mesmerized, and then taking deep drowsiness. At this time the shaman, who had returned the village, was concerned with the absence of her daughter. He then took a pot with paricá, you hallucinogenic powder, inhaled, it awakened the powers of shaman, thus entering into a trance. Many shadows paraded in front and between them appeared the silhouette of a man who rose to heaven towards the moon. Gradually, other pictures were taking human forms-headed birds, announcing the shaman that her daughter was on an island not far away. Cauará immediately went to the site revealed, finding the girl weakened and hungry. Returned to the village. After a few days, the young, concerned parent told an impressive dream: on the mountain she gave birth to a child very clear, almost transparent. There was no milk in her breasts, and her little boy fed by a flock of hummingbirds and butterflies. Around her, other animals also were enchanted with the baby, licked him affectionately. lgum time later, the daughter of Cauará noted that although virgin, expecting a child. The shaman, wondering at the fact, reentered The YARA - queen of the waters Yara, the young Tupi, was the most beautiful woman of the tribes living along the Amazon River. For its sweetness, all animals and plants loved her. Remained, however, indifferent to the many admirers of the tribe. One summer afternoon, even after the sun goes down, Yara remained in the bath, when she was startled by a group of strange men. Unable to escape, the girl was grabbed and gagged. Eventually pass, and even then raped and thrown into the river. The spirit of the waters turned the body of Yara be a double. Still human from the waist up, becoming fish the rest. Yara became a mermaid, whose singing lures men so irresistible. Seeing the beautiful creature, they approach it, that embraces and dragging the depths, where never return.
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