As Teorias de Administrações Públicas...

 

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Há um problema de identidade na teoria de administração pública, segundo a qual as bases convencionadas da teoria não refletem ou não correspondem às necessidades dos atores do campo – teóricos, profissionais e cidadão.

Há uma concordância implícita, onde a linha que une as teorias nascem diretamente da herança intelectual de Weber, com ênfase na burocracia nacional, e da herança política de Wilson, com sua ênfase na dicotomia de política e administração.

O resultado é a tentativa de construir uma teoria racional de administração, com base num entendimento positivista do comportamento humano, para um contexto de accountability democrática.

A combinação entre a ciência social weberiana e o industrialismo yankee é curiosa.

A visão de que o estudo próprio da administração pública é o estudo de como operar organizações públicas da forma mais eficiente, isto é, como alcançar objetivos dados com custo mínimo.

As metas e objetivos são determinados por funcionários públicos responsáveis (tipicamente, legisladores) a quem os membros da burocracia prestam contas.

Todo tipo de expediente é então usado para garantir a conformidade dos membros organizacionais a este padrão racional de atividade derivado da missão da organização.

Diz-se que a ciência pode fornecer explicações causais que permitirão maior controle sobre a organização e seus membros.

A teoria convencional de administração pública parece estar centrada no modelo racional de administração.

 A crítica ao modelo pode ser resumida em três problemas importantes:

– Baseia-se numa visão estreita e restritiva da razão humana;

– Baseia-se num entendimento incompleto da aquisição de conhecimento;

– Os teóricos não conseguem conectar teoria e prática de maneira adequada.

Guerreiro Ramos (1981) associa o moderno conceito de racionalidade

instrumental ao crescimento de uma economia de mercado e, em seguida, resume algumas consequências deste desenvolvimento.

Para satisfazer as demandas do mercado, os controladores das grandes organizações buscam maior eficiência mediante um processo racionalizado de produção.

 Como consequência, somente na sociedade de mercado o processo de produção é ordenado de tal forma que o indivíduo é reduzido em significância ao status de um mero detentor do emprego.

A organização racionalizada deixa pouco espaço para a autorrealização, quando ela ocorre é meramente incidental ao processo de produção.

Este processo nos leva a uma “insegurança psicológica, degradação da qualidade de vida, poluição e desperdício dos recursos”.

Se por um lado o modelo racional atrai nossa atenção para os meios que se fazem necessários para atingir determinados fins, ele também afasta nossa atenção dos próprios fins.

Os membros das organizações públicas carregam a responsabilidade especial de promover a democratização do processo político, além de simplesmente atuarem com eficiência.

Também carregam a obrigação de agir com fairness, compreensão e humanidade, mas até esta obrigação se torna mais difícil, diante de uma perspectiva meramente racional, que ignora outros aspectos da vida humana como a emoção e a intuição.

O compromisso dos integrantes das organizações públicas só pode ocorrer pela interação de pessoas, não de objetos.

Um problema final com o conceito de razão usado pelo modelo racional é que ele omite toda preocupação com o contexto moral em que a ação pode acontecer.

Adams e Balfour argumentam que pessoas comuns talvez estejam exercendo seu papel organizacional de modo adequado – onde pessoas a sua volta concordariam – e, ao mesmo tempo, participando de algo que poderia ser julgado como um mal.

O modelo racional parece pressupor que só existe uma maneira de se obter o verdadeiro conhecimento – por intermédio da rigorosa aplicação dos métodos da ciência positiva às relações sociais e técnicas nas organizações.

Contudo, a variabilidade do comportamento humano, no tempo e no espaço, limita a busca da ciência positiva por enunciados definitivos e aplicáveis a uma ampla gama de comportamentos humanos.

Além disso, os valores e intenções dos indivíduos moldam suas ações tanto quanto o fazem as influências externas a que eles estão sujeitos.

Há um fosso entre a teoria e a prática, entre acadêmicos e profissionais.

O que os profissionais querem da teoria? Explicações e compreensão, com base nas quais se possa moldar novas abordagens para o trabalho administrativo, e um marco de referência por cujo intermédio se possa ver a experiência do indivíduo como parte significativa de algo maior e mais importante.

A dicotomia entre teoria e prática, portanto, não é um acidente, mas uma consequência de escolhas específicas, de compromissos específicos com uma abordagem particular de aquisição do conhecimento.

A teoria social interpretativa tem suas raízes no trabalho filosófico de Husserl, um matemático por formação.

Essa abordagem procura suspender as definições ou caracterizações do comportamento humano impostas pelos observadores, tentando captar o sentido exato destas a partir do ponto de vistas dos próprios atores.

Os seres humanos são percebidos como seres conscientes, que agem com propósito e, assim, dão sentido a suas ações.

A conexão entre sentido e intencionalidade leva a visão de que os seres humanos são agentes ativos no mundo social, mais que meros respondentes passivos a esse mundo. Por meio de nossas intenções damos sentido ao mundo à nossa volta e, na verdade, construímos este mundo.

Michael Harmon descreve o que ele chama de paradigma alternativo com base no pressuposto de que os seres humanos são naturalmente mais ativos que passivos, mais sociais que atomísticos.

As pessoas tanto influenciam quanto são influenciadas pelas circunstâncias que as envolvem.

A consciência mútua leva à participação mútua na construção da realidade social.

Harmon argumenta que o valor da ação humana se encontra antes na ação em si do que nos fins produzidos por esta ação.

A questão fundamental é “como fortalecer os laços naturais entre as pessoas, de forma a promover uma espécie de ordem social que mais favoreça os atos de liberdade individual e cooperação social do que os restrinja pela dominação”.

“A responsabilidade pessoal implica que os atores são agentes que devem arcar com o ônus moral de suas ações, em vez de transferir a culpa ou responsabilidade a outras pessoas ou a padrões externos de correção” - Harmon.

Posto que a ação administrativa é uma interação, a responsabilidade pessoal implica também responsabilidade social – os indivíduos devem ser guiados pelos interesses da comunidade bem como por sua própria discrição.

Esta visão, no entanto, mais uma vez levanta confusão entre a individualidade e sociedade.

A responsabilidade é inevitavelmente paradoxal, no sentido de que personifica duas ideias que se opõem: a agência moral – o senso de responsabilidade próprio do indivíduo – e a accountability da autoridade institucional.

É uma perspectiva de se ver a vida do individuo consigo e com a sociedade… Propósito: “Identificar as contradições entre o que é e o que poderia ser, e mostrar o potencial de mudança positiva” Richard Box (2005)

Crítica da razão instrumental; a cientização da vida política e a relação entre conhecimento, comunicação efetiva e interesses humanos.

 A racionalização do todo ( controle metódico, científico, calculado e calculador) afasta as pessoas e as instituições públicas dos fatores sociais que norteiam seu trabalho para focarem unicamente em objetivos técnicos.

Os fins justificam os meios – Não há preocupação com a interação dos agentes.

A função é mais importante que o agente que a executa. Segundo Habermas (1974) a “esfera pública” vem se reduzindo de uma representação da agenda normativa da sociedade, para em tempos recentes, reproduzir os interesses dos grandes empresários, dos trabalhadores e das profissões com a ação da mídia de massa.

Deixa-se de lado o cidadão para preocupar-se com a economia. A visibilidade do que se tem sobreposta a como se vive.

Como o governo resolve problemas técnicos, não há envolvimento das massas.

Trata-se da conexão entre teoria e prática em dois níves:

Comunicação intra-pessoal: conhecer-se, analizar-se, e agir para construir sua individualidade; Discussão pública: que deve ser sem restrições, livre de dominações e ampla em todos os níveis dos processos políticos; Excluir as ações buracráticas que limitam o reconhecimento e a contribuição do indivíduo para o processo de governança.

Relações de Hierarquia X Comunicação

O Pós-modernismo implica em uma ruptura com a condição moderna.

Os indivíduos de hoje perderam a capacidade de representar o ‘real’. A comunicação é feita por símbolos. Os símbolos são representações de um realidade. Esta realidade pode não mais existir ou, só existir a partir de determindas premissas. A comunicação se dá por interpretação dos símbolos. A interpretação é pessoal e sempre será válida para este, porém pode ser inválida para outro. Nenhuma interpretação é superior a outra. “Então, toda interpretação é falsa e todo mal-entendido, um desentendimento.”

Os pós-modernistas rejeitam explicações globalizantes.

“Não pode haver enunciados globais.” (FOX e MILLER 1995)

Anarquismo metodológico.

As pessoas compartilham símbolos (em grande parte efemeros), assim existe a possibilidade de consenso em pequenos grupos, bairros ou comunidades. Embora, compartilhemos uma hiper-realidade, criada pela mídia.

Em suma, o pós modernismo prega o fracasso do modernismo em buscar um entendimento racional do mundo ‘real’.

NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:

A troca da burocracia pela política ( debates de discursos e de diferentes visões, buscando reafirmar a democracia).

Uma nova maneira de pensar sobre administração pública e burocracia, pode abrir novas possibilidades para um serviço público mais elevado. (baseado em FARMER, 1995)

Racionalização e Imaginação; Hierarquia / Eficiência e Desconstrução de padrões; Ciência e Desterritorialização ( a ciência é só mais um “símbolo”efemero e que não é o ‘reaAdministradores públicos e ‘Alteridade’ (anti-administração) Escolhemos nossos representantes, mas eles fazem suas escolhas sozinhos. Abordagem feminista: administração baseada em grupos estruturados, mas sem a figura de um líder dominante.

O novo serviço público busca inspiração na: Teoria política democrática, preocupada com a conexão entre cidadãos e seus governos.

Abordagens alternativas para a gestão e o design organizacional que procedem de uma tradição mais humanística na teoria de administração pública.

Cidadania, comunidade e o novo serviço público Administração pública no novo serviço público Liderança no novo serviço público

Dois temas fundamentam o novo serviço público:

Promover a dignidade e o valor do novo serviço público. Reafirmar os valores da democracia, da cidadania e do interesse público como valores importantes da administração pública.

Servir cidadãos, não consumidores

Perseguir o interesse público

Dar mais valor à cidadania e ao serviço público do que ao

empreeendedorismo

Pensar estrategicamente, agir democraticamente Reconhecer que a accountability não é simples servir em vez de ‘dirigir’

Dar valor às pessoas, não apenas à produtividade

A transformação do Estado deve enfocar a introdução de um senso de

cidadania na operação do próprio governo.

Entre outras coisas, precisamos reassumir o sentido ético do

profissionalismo, vendo-o não apenas em termos de habilidade técnica, mas a contribuição moral que os profissionais fazem para uma sociedade complexa. Mudar a concepção de governo – de uma administração científica para um centro de relações e obrigações éticas – é parte de nossa tarefa.

Administradores públicos a serviço dos cidadãos

English text

There is an identity problem in the theory of public administration, according to which the foundations of the theory agreed not reflect or do not match the needs of actors in the field - theoretical, professional and citizen.

There is an implied agreement where the line between the theories are born directly from the intellectual heritage of Weber, with emphasis on national bureaucracy, and political heritage of Wilson, with its emphasis on the dichotomy of politics and administration.

The result is the attempt to construct a theory of rational administration, based on a positivist understanding of human behavior, in a context of democratic accountability.

The combination between the Weberian social science and industrialism yankee is curious.

The view that the proper study of public administration is the study of how public organizations operate in the most efficient, that is, how to achieve goals with minimal cost data.

The goals and objectives are determined by public officials accountable (typically legislators) to whom the members of the bureaucracy accountable.

Every type of device is then used to ensure compliance of organizational members to this rational pattern of activity derived from the organization's mission.

It is said that science can provide causal explanations that allow greater control over the organization and its members.

The conventional theory of public administration seems to be centered model of rational administration.

 Criticism of the model can be summarized in three important problems:

- Is based on a narrow and restrictive of human reason;

- Is based on an incomplete understanding of knowledge acquisition;

- The theoretical unable to connect theory and practice appropriately.

Ramos (1981) combines the modern concept of rationality

instrumental to the growth of a market economy and then summarizes some consequences of this development.

To meet the market demands, the drivers of large organizations seeking greater efficiency through a streamlined process of production.

 As a result, only in the market society production process is ordered so that the individual is reduced in significance status of a mere employment holder.

The streamlined organization leaves little room for self-realization, when it occurs is merely incidental to the production process.

This process leads to a "psychological insecurity, loss of quality of life, pollution and waste of resources."

If on one hand the rational model draws our attention to the means that are necessary to achieve certain ends, it also departs attention of our own ends.

The members of public organizations carry a special responsibility to promote the democratization of the political process, and simply act efficiently.

We also carry the obligation to act with fairness, understanding and humanity, but this obligation becomes even more difficult, due to a purely rational perspective, which ignores other aspects of human life as emotion and intuition.

The commitment of the members of public organizations can only occur by the interaction of people, not objects.

A final problem with the concept of reason used by the rational model is that it omits any concern with the moral context in which the action can happen.

Adams and Balfour argue that ordinary people may be exerting their organizational role adequately - where people around you agree - and at the same time participating in something that could be judged as evil.

The rational model appears to assume that there is only one way to obtain true knowledge - through the rigorous application of the methods of science positive social relations and technical organizations.

However, the variability of human behavior, in time and space limits the pursuit of science by positive statements definitive and applicable to a wide range of human behaviors.

Furthermore, the values ​​and intentions of individuals shape their actions as do the external influences to which they are subject.

There is a gap between theory and practice, between academic and professional.

What professionals want theory? Explanations and understanding based on which to shape new approaches to administrative work, and a framework through which we could see the experience of the individual as a significant part of something bigger and more important.

The dichotomy between theory and practice, therefore, is not an accident, but a consequence of specific choices of specific commitments with a particular approach to knowledge acquisition.

The interpretive social theory has its roots in the philosophical work of Husserl, a mathematician by training.

This approach seeks to suspend the definitions or characterizations of human behavior imposed by the observers, trying to grasp the exact meaning of these from the point of view of the actors themselves.

Humans are perceived as conscious beings, who act with purpose and thus give meaning to their actions.

The connection between meaning and intentionality takes the view that humans are active agents in the social world, more than mere passive respondents to this world. Through our intentions we give meaning to the world around us and actually built this world.

Michael Harmon describes what he calls alternative paradigm based on the assumption that humans are naturally more active than passive, more atomistic social.

Much influence as people are influenced by the circumstances that surround them.

The mutual awareness leads to mutual participation in the construction of social reality.

Harmon argues that the value of human action is the action itself rather than the ends produced by this action.

The key question is "how to strengthen the natural bonds between people in order to promote a kind of social order that favors more acts of individual liberty and social cooperation than by restricting domination."

"Personal responsibility means that actors are actors who must bear the burden of their moral actions, instead of shifting the blame or responsibility to other people or external standards of correctness" - Harmon.

Since the administrative action is an interaction, personal responsibility also entails social responsibility - individuals should be guided by the interests of the community as well as by their own discretion.

This view, however, again raises confusion between individuality and society.

The responsibility is inevitably paradoxical in the sense that embodies two ideas that oppose: moral agency - the sense of the individual's own responsibility - and accountability of institutional authority.

It is a perspective view of the life of the individual with himself and with society ... Purpose: "Identify the contradictions between what is and what could be, and show the potential for positive change" Richard Box (2005)

Critique of instrumental reason; ness of the political life and the relationship between knowledge, effective communication and human interests.

 The rationalization of the whole (control methodical, scientific calculator and calculated) alienates people and public institutions of social factors that guide their work to focus solely on technical objectives.

The ends justify the means - There is concern about the interaction of agents.

The function is more important than the agent that executes. According to Habermas (1974) the "public sphere" has been reduced to a representation of the normative agenda of society, for in recent times, reproducing the interests of big business, workers and the professions with the action of the mass media.

Leave aside the citizen to worry about the economy. The visibility of what has been superimposed on how to live.

As the government solves technical problems, there is no involvement of the masses.

It is the connection between theory and practice in two Nives:

Intra-personal communication: know yourself, to analyze, and act to build their individuality; Public discussion: what should be unrestricted, free of domination and wide across all levels of political processes; buracráticas Delete actions that limit recognition and the individual's contribution to the process of governance.

Relations Hierarchy X Communication

Postmodernism implies a break with the modern condition.

People today have lost the ability to represent the 'real'. Communication is done by symbols. The symbols are representations of a reality. This reality may no longer exist or exist only from determindas assumptions. Communication is established by interpretation of symbols. The interpretation is personal and always will be valid for this, but may be invalid for another. No interpretation is above another. "So, every interpretation is false and all misunderstanding, a misunderstanding."

Postmodernists reject explanations globalizing.

"There can be set globally." (Fox and Miller 1995)

Methodological anarchism.

People share symbols (largely ephemeral), so there is the possibility of consensus in small groups, neighborhoods or communities. Although we share a hyper-reality created by the media.

In short, postmodernism preaches the failure of modernism in seeking a rational understanding of the 'real' world.

IN PUBLIC ADMINISTRATION:

The changing of the political bureaucracy (debates and discourses of different views, seeking to reassert democracy).

A new way of thinking about public administration and bureaucracy, can open new possibilities for a public higher. (Based on Farmer, 1995)

Rationalization and Imagination; Hierarchy / Deconstruction and efficiency standards; Deterritorialization and Science (science is just a "symbol" that ephemeral and not the 'public reaAdministradores and' Otherness' (anti-government) chose our representatives, but they do their own choices. Feminist Approach: based administration structured groups, but without the figure of a dominant leader.

The new public service seeks inspiration in: Theory democratic politics, concerned with the connection between citizens and their governments.

Alternative approaches to the management and organizational design that proceed from a more humanistic tradition in the theory of public administration.

Citizenship, community and public service new public management in the new public service leadership in the new public service

Two themes underlie the new public service:

Promote the dignity and value of new public service. Reaffirm the values ​​of democracy, citizenship and the public interest as important values ​​of public administration.

Serve citizens, not consumers

Pursuing the public interest

Give more value to citizenship and public service than to

Entrepreneurship

Think strategically, act democratically Recognize that accountability is not simply serve instead of 'rule'

Give value to people, not only productivity

The transformation of the state should focus on the introduction of a sense of

citizenship in the operation of government itself.

Among other things, we need to reassert the ethical sense

professionalism, seeing it not only in terms of technical skill, but the moral contribution that professionals make for a complex society. Changing the design of government - a center for scientific management of relationships and ethical obligations - is part of our task.

Public administrators at the service of citizens