Analfabetismo funcional
Analfabeto funcional é a denominação dada à pessoa que mesmo capacitada a decodificar minimamente as letras, geralmente frases, sentenças, textos curtos e os números, não desenvolve habilidade de interpretação de textos e de fazer operações matemáticas. Também é definido como analfabeto funcional o indivíduo maior de quinze anos possuidor escolaridade inferior a quatro anos letivos, embora essa definição não seja muito precisa, já que existem analfabetos funcionais detentores de nível superior de escolaridade. Níveis de alfabetização funcional Existem três níveis distintos de alfabetização funcional, a saber: Nível 1- também conhecido como alfabetização rudimentar, compreende aqueles que apenas conseguem ler e compreender títulos de textos e frases curtas; e apesar de saber contar, têm dificuldades com a compreensão de números grandes e em fazer as operações aritméticas básicas. Nível 2- também conhecido como alfabetização básica, compreende aqueles que conseguem ler textos curtos, mas só conseguem extrair informações esparsas no texto e não conseguem tirar uma conclusão a respeito do mesmo; e também conseguem entender números grandes, conseguem realizar as operações aritméticas básicas, entretanto sentem dificuldades quando é exigida uma maior quantidade de cálculos, ou em operações matemáticas mais complexas. Nível 3- também conhecido como alfabetização plena, compreende aqueles que detêm pleno domínio da leitura, escrita, dos números e das operações matemáticas (das mais básicas às mais complexas). Segundo dados de 2010 do IBGE, no Brasil o analfabetismo funcional atinge cerca de 68% da população (30% no nível 1 e 38% no nível 2). Somados esses 68% de analfabetos funcionais com os 7% da população que é totalmente analfabeta, resulta que 75% da população não possui o domínio pleno da leitura, da escrita e das operações matemáticas, ou seja, apenas 1 de cada 4 brasileiros (25% da população) é plenamente alfabetizado, isto é, está no nível 3 de alfabetização funcional. Em 2012, o Instituto Paulo Montenegro e a ONG Ação Educativa divulgaram o Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) entre estudantes universitários do Brasil e este chega a 38%, refletindo o expressivo crescimento de universidades de baixa qualidade durante a última década. Esses índices tão altos de analfabetismo funcional no Brasil devem-se à baixa qualidade dos sistemas de ensino público, à falta de infraestrutura das instituições de ensino (principalmente as públicas) e à falta de hábito e interesse de leitura do brasileiro. Em alguns países desenvolvidos e/ou com um sistema educacional mais eficiente, esse índice é inferior a 10%, como na Suécia, por exemplo. São muitas as causas históricas que influenciaram no surgimento e crescimento do fenômeno do analfabetismo no Brasil. De antemão, torna-se importante asseverar que o analfabetismo, como fato social que é. Só pode ser entendido em relação dialética com as ideologias nascidas na infra-estrutura social que determinaram e continuam a determinar a política educacional brasileira. Desde o período colonial que a taxa de analfabetismo no Brasil alcança números absurdos. Entretanto, não é da mesma época a preocupação da sociedade brasileira com os efeitos prejudiciais de tal índice. Estudos revelam que o início dessa preocupação é advindo de meados do século XX, século no qual a taxa de analfabetismo chegou a 65%, fazendo com que a parcela da população brasileira apta a exercer o direito de votar fosse extremamente diminuta. A origem mais longínqua do analfabetismo no Brasil está na própria formação da economia colonial, onde uma minoria de brancos proprietários dirigia o trabalho de milhares de escravos. Nesse Brasil sem mobilidade social, os jesuítas se encarregaram de implantar um sistema educacional voltado para os filhos da elite, ao passo que catequizavam índios e negros para torná-los mão-de-obra submissa, uma vez que a política educacional estava repleta de ideologias e métodos que perpetuavam a condição de inferioridade de negros e índios, contrariando o sentido básico da educação, que é de possibilitar ao educando um quadro de ascensão social. Text in English Functional illiteracy Functional illiterate is the name given to the person who even minimally qualified to decode the letters, usually phrases, sentences, short texts and numbers, do not develop skills of reading comprehension and mathematical operations. It is also defined as functionally illiterate individuals possessing more than fifteen years schooling less than four academic years, although this definition is not very precise, since there are functionally illiterate holders of higher education level. Levels of functional literacy There are three distinct levels of functional literacy, namely: Level 1- also known as rudimentary literacy, comprises only those who can read and understand texts titles and short phrases, and despite knowing count, have difficulties with understanding of large numbers and do basic arithmetic. Level 2- also known as basic literacy, comprises those who can read short texts, but only manage to extract sparse information in the text and can not draw a conclusion about the same, and also to understand large numbers, can perform basic arithmetic operations, however experience difficulties when it is required an increased amount of calculations, or more complex mathematical operations. Level 3- also known as full literacy, comprises those who have full mastery of reading, writing, numbers and mathematical operations (the most basic to the most complex). According to 2010 data from the IBGE, Brazil functional illiteracy affects about 68% of the population (30% at level 1 and 38% at level 2). Together these 68% were functionally illiterate with 7% of the population is totally illiterate, it follows that 75% of the population does not have full mastery of reading, writing and math, ie, only 1 of every 4 Brazilians (25 % of population) is fully literate, ie, is on level 3 functional literacy. In 2012, the Instituto Paulo Montenegro and NGO Educational Action released Indicator of Functional Literacy (Inaf) among university students from Brazil and this reaches 38%, reflecting the significant growth of low-quality universities over the last decade. These indexes as high functional illiteracy in Brazil are due to the poor quality of public education systems, lack of infrastructure of educational institutions (mainly public) and lack of interest and habit of reading the Brazilian. In some developed countries and / or an educational system with more efficient, this index is less than 10%, such as in Sweden, for example. There are many historical causes that influence the emergence and growth of the phenomenon of illiteracy in Brazil. Beforehand, it is important to assert that illiteracy as a social fact it is. Can only be understood in dialectical relation to the ideologies born in the social infrastructure that determined and continue to determine the Brazilian educational policy. Since the colonial period, the rate of illiteracy in Brazil reaches absurd numbers. However, time is not the same concern of Brazilian society with the detrimental effects of such content. Studies reveal that the beginning of this concern is coming from mid-twentieth century, the century in which the illiteracy rate reached 65%, causing a portion of the population able to exercise the right to vote was extremely small. The most distant source of illiteracy in Brazil is in the very formation of the colonial economy, where a minority of white owners drove the work of thousands of slaves. In Brazil without social mobility, the Jesuits were in charge of implementing an educational system geared to the children of the elite, while catequizavam Indians and blacks to make them hand labor submissive, since educational policy was full of ideologies and methods that perpetuated the inferior status of blacks and Indians, contradicting the basic meaning of education, which is to allow the student a framework for social mobility. Total de visitas: 114934 |