O Analfabeto Político

 

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Segundo Bertolt Brecht.  “10 de Fevereiro de 1898 – 14 de Agosto de 1956” foi um influente dramaturgo, poeta e encenador alemão do século XX.

Segundo Bertolt Brecht .  O  pior  analfabeto  é  o  analfabeto  político.     Ele não  ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e  do remédio depende das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.

“Uma coisa é ser tentado e outra coisa é cair na tentação. Não posso negar que não se encontre num júri, examinando a vida de um prisioneiro, um ou dois ladrões, entre os jurados, mais culpados do que o próprio homem que estão julgando. A Justiça só se apodera daquilo que descobre. Que importa às leis que ladrões condenem ladrões?” (SHAKESPEARE, 1994:129)

O espetáculo da corrupção enoja e torna a própria atividade política ainda mais desacreditada. Os que detestam a política – como diria Brecht, os analfabetos políticos – regozijam-se. Os podres poderes fortalecem os argumentos pela indiferença e o não envolvimento na política. É o moralismo abstrato e ingênuo que oculta a ignorância e dissimula a leviandade egoísta dos que não conseguem pensar para além do próprio bolso.

O analfabeto político não sabe que sua indiferença contribui para a manutenção e reprodução desta corja de ladrões que, desde sempre, espreitam os cofres públicos, prontos para dar o golpe à primeira oportunidade que surja. Os analfabetos políticos não vêem que lavar as mãos alimenta a corrupção.

Quem cultiva a indiferença, o egoísmo ético do interesse particularista, é conivente com o assalto ou é seu beneficiário. O que caracteriza a república é o trato da coisa pública, responsabilidade de todos nós. Como escreveu Rousseau (1978: 107): “Quando alguém disser dos negócios do Estado: Que me importa? – pode-se estar certo de que o Estado está perdido”.

Eis o duplo equívoco do analfabeto político: nivelar todos os políticos e debitar a podridão apenas a estes. Os políticos, pela própria atividade que desempenham, estão mais expostos. No entanto, não há corrupção, sem corruptores e corrompidos. Pois, se a ocasião faz o ladrão, a necessidade também o faz.

Não sejamos hipócritas. Exigimos ética dos políticos como se esta fosse uma espécie de panacéia restrita ao mundo – ou submundo – da política. Mas, e a sociedade? Se o ladrão rouba um objeto e encontra quem o compre, este é tão culpado quanto aquele.

Ah! Não fazemos isto! E os pequenos atos inseridos na cultura do jeitinho brasileiro não são formas não assumidas de corrupção? Quem de nós ainda não subornou o policial rodoviário? Ou não vivemos numa sociedade onde honestidade é sinônimo de burrice, de ser trouxa, etc.? E como correr o risco de ser bobo quando a sociedade competitiva premia os mais espertos, os mais egoístas, os mais ambiciosos?

O bem da verdade, o ladrão aproveita a ocasião. Quem de nós nunca foi tentado? Quem de nós não cometeu algum deslize quando se apresentou a ocasião? Quem foi tentado e não caiu em tentação? Quem conseguiu manter a coerência entre pensamento e ação, discurso e prática? Os homens são julgados por suas obras e apenas através delas é que podemos comprovar a sua capacidade de resistir à tentação. Afinal, como afirma Shakespeare (1994: 201), através de Isabel, sua personagem: "A lei não alcança os pensamentos e as intenções são meros pensamentos".

 

English text

 The Political Illiterate

According Bertolt Brecht. "February 10, 1898 - August 14, 1956" was an influential playwright, poet and director of German twentieth century.

According Bertolt Brecht. The worst illiterate is the political illiterate. He does not listen, does not speak, nor participates in political events. He does not know the cost of living, the price of beans, fish, flour, rent, the shoe and the remedy depends on political decisions.

The political illiterate is so stupid that prides gases and chest saying that he hates politics. Not sure what that asshole, his political ignorance, born the prostitute, the abandoned child, and worst of all the bad guys, which is the political crook, crook, corrupt and lackey of national and multinational companies.

"It's one thing to be tempted and another thing to fall into temptation. I can not deny that is not a jury, examining the life of a prisoner, one or two thieves, among jurors, more guilty than the man himself who are judging. The only Justice seizes what he discovers. What matters to the laws that condemn thieves thieves? "(SHAKESPEARE, 1994:129)

 

The spectacle of corruption and disgust makes itself even more discredited political activity. Those who detest politics - as Brecht would say, illiterate politicians - rejoice. The rotten powers strengthen arguments by indifference and non-involvement in politics. It is the abstract moralism and naive ignorance that hides and conceals the selfish thoughtlessness of those who can not think beyond their own pockets.

The political illiterate who does not know his indifference contributes to the maintenance and reproduction of this gang of thieves that has always lurk the public purse, ready to strike at the first opportunity that arises. The illiterate politicians do not see that washing hands feeds corruption.

Who cultivates indifference, egoism ethical particularist interests, is complicit in the assault or your beneficiary. What characterizes the republic is dealing with public, responsibility of all of us. As Rousseau wrote (1978: 107): "When a man says of the affairs of state: What do I care? - You can be sure that the state is lost. "

Here's misconstruction of political illiterate: all politicians and even charge them just rot. Politicians, by the very activity they perform, are more exposed. However, there is no corruption, no corrupters and corrupted. For if the opportunity makes the thief, so does the need.

Let's not be hypocrites. We demand ethical politicians as if this were some sort of panacea restricted to the world - or the underworld - politics. But, and society? If a thief steals an object and see who buys this is as guilty as he.

Ah! Do not do it! And the small acts inserted in the Brazilian way culture shapes are not assumed not corruption? Who among us has not bribed the police road? Or do not live in a society where honesty is synonymous with stupidity, being Muggle, etc..? And as the risk of being silly when society rewards the smartest competitive, the most selfish, the most ambitious?

The matter of fact, the thief uses the occasion. Who among us has never been tried? Who among us has not committed any slip when the occasion presented itself? Who was tried and did not fall into temptation? Who managed to maintain consistency between thought and action, discourse and practice? Men are judged by their works and only through them can we prove their ability to resist temptation. After all, as Shakespeare says (1994: 201), by Isabel, her character: "The law does not reach the thoughts and intentions are mere thoughts."